Heutagogia e Educação — Minha experiência pessoal

Camila Berteli
6 min readApr 28, 2022

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Hoje, 28 de abril é o dia da EDUCAÇÃO — Essa prática social que nos acompanha desde o minuto 1 da nossa vida, que possui seus contornos, possibilidades e se movimenta em termos de definição o tempo inteiro.

A gente pode escolher diversas linhas, teorias ou autores, mas no final a educação é um processo muito interno, facilitado por tudo isso.

Hoje eu escolhi compartilhar com vocês como eu escolhi me desenvolver e aprender neste último ano, tão intenso na minha vida. Usando um conceito que adoro que é a “heutagogia” (heuta — auto, próprio; agogus — guiar) — a definição destes termos é o indivíduo no centro do seu próprio processo de aprendizagem através da autoaprendizagem, autodidatismo e auto-organização.

Bibliothèque Mazarine — Paris — France

Vale ressaltar que na heutagogia não buscamos apenas aprendizagem teórica e desenvolvimento de competências, mas principalmente o desenvolvimento interno e relacionado a habilidade de lidar com contexto de alta incerteza e complexidade.

Impossível não associar este conceito com a minha paixão que é a Aprendizagem Transformadora — Se quiser saber mais sobre aqui temos um texto completo — Clique aqui para ler.

E com o conceito de “Double Loop Learning” que é ir além do “o que fazemos” e quais os “resultados”, mas principalmente o “por que fazemos” — é sobre trazer consciência para o processo de aprendizagem e relacionar com o sentido que isso tem para você, pessoalmente. Vale refletir que o resultado também passa a ser uma consequência para um impacto e não apenas um resultado descolado da jornada, pois agrega valores e crenças ao processo.

Interessante o que sinto ao escrever sobre este assunto, pois isso se conecta diretamente com o meu olhar de mundo. O que me fez lembrar de mais um movimento que me influenciou nisso tudo — o EduPunk — da autora Anya Kamenetz

Lembro quando eu li o E-book (Clique aqui para baixar) e me apaixonei pela frase que ela escreve logo no começo

— “Um edupunk é alguém que não quer jogar pelas velhas regras da faculdade. Talvez você tenha interesses que não se encaixem no molde acadêmico. Talvez você esteja em um local remoto. Talvez você tenha uma família, um emprego ou outras responsabilidades e não possa assumir a vida como estudante em tempo integral. Talvez você adore novas tecnologias e novas formas de aprender. Ou talvez você seja apenas uma rebelde!” Anya Kamenetz

E mais eu do que isso, impossível — Apesar de amar a academia, o ambiente das universidades e ter dedicado grande parte da vida com duas faculdades, pós, começado um mestrado e quem sabe o doutorado no futuro. Eu aprendi que só olhar para o passado não me satisfaz. Eu amo aprender e estar em um local com outras pessoas que estão ali por isso, me encanta, mas só se isso estiver acompanhado de entusiasmo, coragem para pensar possibilidades e cria alternativas, tecnologia e futuro. É por isso que o movimento Agile, Maker e Do-It-Yourself (ou simplesmente DIY — Faça você mesmo) me conecta tanto.

Então vamos para a prática — come apliquei tudo isso e minhas experiências mais marcantes nos últimos tempos, sempre buscando um equilíbrio entre os temas para um desenvolvimento sistêmico, pessoal e profissional:

Pessoal — autoconhecimento é a base, não há saída — QUE BOM! As pessoas mais admiro em termos de educação são também as que possuem muito senso de si — isso não é coincidência, por isso estou sempre envolvida em processos de desenvolvimento humano, terapia, mentoria, grupo do livro sobre temas profundos da psicologia, rodas de conversa, principalmente com mulheres. Isso alimenta minha percepção de mim mesma. — Nos últimos dois anos, tive 3 mentorias com pessoas totalmente diferentes e mentorei mais umas 5 — onde também aprendi demais.

E então em 2021 tomei a decisão de partir em uma nova experiência internacional — agora mais madura, com objetivos claros e o maior deles era lidar com a incerteza. Trabalhar a distância, me organizar, conhecer meu estilo de liderança, minhas emoções, o que me faz feliz e o que acorda minha alma. Tudo foi tão intenso para mim que apareceu a oportunidade de falar sobre isso em uma matéria muito legal em um dos maiores jornais do Brasil — Para ler clique aqui.

Paixões: Eu sou uma nerd convicta e isso é bem importante para mim, é o que me equilibra e desde que reconheci isso, minha vida mudou. Sim eu amo heroínas, eu amo filmes e séries, eu amo arte, eu amo literatura. Nesta área consumo muito quadrinhos, livros e etc. Já faz 8 anos que tenho o @_idnerd — minha page no Instagram que falo sobre universo geek e tudo que eu leio, fiz formação de arte e psicanálise no MAM, uma jornada incrível sobre heroínas e vilãs no MIS.

Psicologia: A linha que mais me identifico é do autor Jung e já conectado com o tema das paixões, passei a estudar mais sobre o feminino nesta linha — esta conexão me deu um dos maiores presentes da vida, que foi fazer a revisão técnica do livro A Jornada da Heroína da professora Maureen Murdock Ph.D. olha a minha carinha de feliz em ver o livro espalhados pelas livrarias de todo Brasil.

Futuro do trabalho e metodologias — No trabalho, como profissional de Pessoas eu estou sempre pensando em novas formas de apoiar as áreas e repensar o negócio para um modelo mais simples e ágil, neste campo me aproximei muito dos conceitos de agilidade e conheci pessoas incríveis.

Destaco aqui algumas certificações que fiz — Agile People Coach, Agile People Leadership (ICP-LEA) com a escola — Agiler e o Culture Hacking com a Target Teal.

Além de participar ativamente do Jornada Ágil, toda quarta-feira no clube house — Episódios disponíveis aqui

Vida Acadêmica — Como comentei eu sinto uma relação de amor e ódio com o mundo acadêmico, tem dias que sinto uma falta imensa de pesquisar e estudar profundamente os temas, mas sofri bastante no processo do mestrado e sentia que o modelo mental já não conectava comigo. Um dos motivos de investir em experiências acadêmicas internacionais foi para entender se isso se passava em outros lugares. E a experiência foi muito melhor do que eu pensava. Ainda não tenho palavras para explicar a minha emoção e como cada aula me movimentava de um jeito tão incrível, que eu só podia agradecer mesmo ter essa oportunidade.

As formações: Woman Transforming Leadership Programme — Saïd Business School, University of Oxford e “Imaginons le Futur“ da Universidade de Sorbonne.

Para fechar essa reflexão deixo o que me move na aprendizagem e é envolvimento emocional. Quanto mais preciso utilizar habilidades sensoriais e imaginativas, quanto mais faço uso de algo que acabei de aprender, maior é o meu engajamento. E quem afirma que isso tem tudo a ver com a heutagogia não sou eu, é o Daniel Kahneman — O autor afirma que envolver-se de mente, corpo e alma com qualquer tema ou informação é o primeiro passo que leva à aprendizagem eficaz.

Que neste Dia da Educação, possamos refletir sobre o que nos move e nos motiva a ter uma forma ativa no processo de aprendizagem.

Em um mundo cada dia mais VUCA, BANI não vale a pena gastar tempo com o que não tem significado e no final só nos marca aquilo que realmente acreditamos e amamos.

E para fechar não importa quando, onde ou como:

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende” Leonardo da Vinci

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Camila Berteli

Psicóloga, rebelde, nerd, educadora, freudiana e potterhead. Apaixonada por livros, cinema, arte, filosofia, história e pessoas!